terça-feira, 26 de maio de 2009

pra não dizer que não falo sobre mim

não preciso entrar em lugares comuns e dizer que as mães exercem gigantesca influência em seus filhos, direta ou indiretamente.
pois bem, a minha acaba de vomitar em mim, seu filho viado, bêbado e maconheiro.
por isso postarei um poema antigo, ruim como os que já escrevi e os que ainda não foram regurgitados, mas acho pertinente tanto pra dar ao blog um quê de autobiográfico quanto pra encher linguiça, pois não publico merda alguma aqui há alguns dias...



da rua os garotos me fumam
com prazer de quem quer ver
além das cinzas de um corpo
há muito esquecido.

o espelho me cospe à cara
nada rara e semelhante
que dorme com seca saliva
morta, que se acha viva.

e o sono e os garotos e a porra
escorrem das narinas cheiradas
que não cheiram mais.

mamãe grita palavras tais
que outra ouviu: um vagabundo!
tão fumado, mas sozinho imundo.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

o velho safado e a morte gostosa.

se vc está se perguntando... sim, o velho safado a que me refiro é o bukowski (não vou dizer quem é pois quem lê essa merda aqui são meus amigos e eles - vocês - já conhecem o bêbado-tarado-escatológico-e-também-escritor). e não, não quis dizer que a morte é algo que saboreamos como uma lasanha feita pela mamãe no fim de semana... é a Dona Morte com seu vestido vermelho decotado, uma visão tão paudurescente que mesmo os gays e a mulheres se excitam!

é assim que o velho buk nos apresenta esse elemento inexorável pra todos nós em seu último romance, Pulp (1994), finalizado meses antes de morrer (coincidência?). a obra é dedicada pelo autor à subliteratura e já nas primeiras páginas percebe-se que esse estilo literário (pode-se chamar assim?) é quem agradecerá ao poeta, contista e romancista.

nick belane é mais um detetive decadente de L.A. mergulhado em um espaço obscuro (tanto físico quanto psicológico). é um personagem que se deixa levar por elementos externos, menos procura do que é procurado e alterna seu humor de acordo com seus encontros e desencontros, erros e acertos. ora se sente um completo derrotado, ora o maior detetive da cidade. em meio a personagens humanos, alienígenas e a gostosa Dona Morte há uma constante reflexão sobre a vida e também seu fim:

"Não estava indo a lugar nenhum nem o resto do mundo. Estávamos todos rondando por aí, à espera da morte, e enquanto isso fazemos coisinhas para encher o tempo. Alguns nem faziam coisinhas. Eram vegetais. Eu era um deles. Não sei que tipo de vegetal. Me sentia um nabo. Acendi um charuto, traguei e fiquei fingindo que sabia que diabos acontecia."

[puta que pariu! não consigo consertar o tamanho das letras a partir dessa citação, vai ficar assim mesmo... um dia uma alma caridosa me ensina a mexer nessa merda!]

mas apesar das aparências, o romance não é totalmente pessimista. a escrita de bukowski é ácida, engraçada, escatológica e, claro, sexy (mesmo que por vezes em um sentido, digamos, deturpado).

enquanto isso espero minha morte sob a metáfora de um homem beeeem gostoso, que me pegue de jeito! e se tiver que ser a Dona Morte, finjo que sou bissexual e me delicio também com aquela gostosa...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

também tenho um poema metalinguístico

por que sempre escrever
sobre viagens
viados anestesiados
pela dor, alegria
droga...
que estrofe de merda!

a fuga das palavras
ultrapassa a vida e
desenha o papel
- ou vice-versa –
você viu o verso?

o próximo não vai pro céu.

porra, cadê o próximo?
deus censurou.
rasgou esse pedaço da folha
pra fumar seu
baseado
em quê?

...

acabou.

então fui pra internet
já meio inerte.
de larica.
o word abriu sozinho.
deus?
porra nenhuma!
porra nenhuma vai pro blog.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

matrimônio

no dia de seu casamento
nem o vento para.
as pessoas, os cães
as mães, as mãos inquietas
tocando o piano
do seu plano de queda.

por que o susto ao se ver
no altar duplicado?
dois vocês é o que queria.
ria de si mesmo ao escovar
os dentes.
é você ao espelho.

dormir, dormir, trepar, dormir.
r-r-r-r-r-r-r-roncar...

o cheiro de sua merda
nem te incomoda.
seu você-em-outro também
gosta de cheirá-lo.

amá-lo para sempre,
ah, claro que vai.
um boneco de foder
vai ver lá fora.
o de dentro fará o mesmo.
ele ainda é você.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

sorriso

saio da loja com um novo sorriso.
tem aroma de amora
e é branco como a cocaína
sua sina que cheira à beira-mar.

meu novo sorriso sorri para todos
os tolos que vê,
mormente aquele que mente ao espelho

espalho alegria com meu sorriso,
mas aviso: é meu.
tire a mão!
que esforço em vão!

onde está meu sorriso?
roubaram. ladrões!
então grito palavrões,
que são apenas pequenas palavras.
porra, puta que pariu.
aonde anda meu sorriso?
meu sorriso se partiu.

vil é aquele que me roubou.
mas - calma! resta um real...
com dinheiro se compra o mal.
até o sim, até o não.

onde fica aquela loja?
há sorriso em liquidação.
Vou vomitar na cara de vocês (ou você, ou em mim mesmo).
Aqui só haverá merda...
Se quiser... leia, comente, regurgite em resposta ao nada.
Porque do nada viemos todos nós e é pra lá que iremos.