domingo, 13 de março de 2011

...

para S. o barulho das crianças ao acordar era suave como os gritos de seu vizinho, alfredo. o velho andava pelas ruas coberto de pássaros pretos, bichos que começaram a cantar nos sonhos de S. após várias sessões.
cantavam nos seus pesadelos.
na adolescência, S. tocava bateria, mas só no caminho do trabalho percebeu que deveria tê-la carregado no dia anterior, pois precisaria dos contatos que nunca tocou.
como de costume, as famílias iam para escola e trabalho e puteiro em cápsulas com tetas celulares e um aparelho de blues.
a nova tecnologia fazia dos sistemas de som e vídeo um eficiente recurso no processo educativo dos desumanos em miniatura do BANCO DE TRÁS.

à noite desligava os animais e ia ao cinema.
o mesmo prazer que sentiu após gozar pela primeira e única vez - num acesso de raiva em que quebrou porta-retratos, quadros e um cabo de vassoura - o mesmo prazer tomava conta de seu corpo novamente, apesar de não umedecer a vagina.

gostava de cinema porque a mulher sempre se confundam com a ficção.
no dia em que o bebê era afagado pela mãe, nós bebiam e no bar flutuava copos, cuspes e pequenos cachos de música loira. todas tocavam a mesma canção de ninar. a mesma canção de ninar que mamãe cantava nos meus ouvidos daquele homem.

a mulher acordou assustada, mas o bebê continuava a dormir sossegadamente em meio à briga de bar.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

poema dietético

a mulher se levantou do túmulo cantando os feitos de sua morte.
dormia feliz.
o café-da-manhã é composto de terra e gramíneas.
poderia comer as larvas que saiam dos buracos nos ossos
mas a tabela nutricional dizia

não!

só agora estou faca, fraca...
não me lembro magrrr...is.

grande coisa é a vida com cheiro de pele e gordura!
nua eu fico em ossos como aquela noiva,
nova porém eterna
como eu
não como
vermes gordurosos.

não era noiva e muito menos eterna.
a terra que comia estava no topo da cadeia alimentar e, em tempo, viraria bosta.
ao menos serviria de não-alimento aos novanoréxicos do cemitério.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

enfim um encontro.

K. era um dois triplos de pessoa atormentada. ganhava fa-k-das do próprio cérebro defeituoso.

a vida é mesmo uma merda!
o carro ao lado ouviu o pensamento e piscou para K. enquanto o semáforo gritava VERDE!

meta fora
semáforo
merda verde.

quando conseguiu estacionar no boteco seu cu e calcinha-proladodefora, já olhava para R. - que percebeu na hora, mas a baixa autoestima o fazia ser sempre relutante.

já olhava pra R. com cara de quem tem sede.
o cara tragou e entregou à moça o copo pela met-ade, porque R. tava sem dinheiro e os bares que frequentava ainda usavam telefones de girar.

met-ade também foi o que ela tragou de sua mente vvssvsvssadia
mas no outro dia não lembrava mais do cara.
ele era o caixa ALTA da lata onde K. comprava corpos congelados.

hoje R. não se recorda do nome, cabelos e orelhas de K.
apenas o modo como a mulher sugava sua bebida, nome, cabelos e orelh...

222

ele queria ter
2 séculos e 22 anos
de ident
qual cidade?

o ménage
à trois
fora de lá
é só para maiores.

a criança apressada
há de se contentar
com seu exo
convencional
como uma sopa
de letras

que
o tantan viu
e cuspiu
apenas dois dois.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

festa

nesta local.

mal da – outro - dia

que resta faca

urrante

pelo ferro enferrujado

na testa minha.


sim,

esqueci do a e s assinados.

eles fórum

de meu ser

a única testemunha.

domingo, 24 de outubro de 2010

quando o sono leva murro na cara

eu tava dormindo, caralho!


cortada - a cabeça de C. rolava

pelos pelos agora sem acento

da perna esquerda-de-merda.


C. e LUa LÁ tentam me acordar

singing i’m crazy for U.


o bêbado precisa de ajudas!

estava indo

mas o mosquito me beijou

e judas embranqueceu

até o branco dos olhos

que já não ssSsS

ssSSSsssS

sSexo em marte no segundo andar

que já não anda

pois o ar traz o grito do

qualquer só corro

que me alcança.


não é que a porra do telefone tava mesmo tocando?

eRA um TrOte.

domingo, 22 de agosto de 2010

chá de bebê

o pai de K. estava prestes a nascer. roupas para bebês, sim. obrigada! o homem que a acompanhava - um conhecido, talvez - mostrava-lhe camisetas como as de qualquer rescém-nascido.

não há identidade!
ANTIDADE
IDADE
DE
E a moça do caixa , que era três ou quatro reais menos práti-que-k demorou para acertar o cartão na máquina. K. pensava duas máquinas por quê?

por que esses dois corpos que são só pés ossos e ás me incomodam?

K. saiu da loja com o homem cuja face ignorava e microuniformes do botafogo, time pelo qual seu pai sempre torceu.