para S. o barulho das crianças ao acordar era suave como os gritos de seu vizinho, alfredo. o velho andava pelas ruas coberto de pássaros pretos, bichos que começaram a cantar nos sonhos de S. após várias sessões.
cantavam nos seus pesadelos.
na adolescência, S. tocava bateria, mas só no caminho do trabalho percebeu que deveria tê-la carregado no dia anterior, pois precisaria dos contatos que nunca tocou.
como de costume, as famílias iam para escola e trabalho e puteiro em cápsulas com tetas celulares e um aparelho de blues.
a nova tecnologia fazia dos sistemas de som e vídeo um eficiente recurso no processo educativo dos desumanos em miniatura do BANCO DE TRÁS.
à noite desligava os animais e ia ao cinema.
o mesmo prazer que sentiu após gozar pela primeira e única vez - num acesso de raiva em que quebrou porta-retratos, quadros e um cabo de vassoura - o mesmo prazer tomava conta de seu corpo novamente, apesar de não umedecer a vagina.
gostava de cinema porque a mulher sempre se confundam com a ficção.
no dia em que o bebê era afagado pela mãe, nós bebiam e no bar flutuava copos, cuspes e pequenos cachos de música loira. todas tocavam a mesma canção de ninar. a mesma canção de ninar que mamãe cantava nos meus ouvidos daquele homem.